domingo, 14 de março de 2010

Primeiro de Marzo de 2010

Se as segundas-feiras normalmente tem sabor de ressaca, essa depois do terremoto foi ainda mais pesada. Pela televisão, no fim de semana, a gente foi se dando conta da dimensão da tragédia. Quando amanheceu, no sábado, olhávamos pela janela e tudo estava como antes, exceto por uns montes de gesso quebrado e cacos de cerâmica amontoados aqui e ali. Na televisão, as autoridades ainda nos passavam a tranqüilidade de que não haveria tsunami (na verdade, já tinha acontecido). Assistimos a paranóia urbana de sair a abastecer-se de tudo o que possa, as filas enormes em postos de gasolina e supermercados. Muitos carros na rua, estacionados em cima das calcadas, e longe dos prédios. Depois soubemos que não só as pessoas imediatamente desceram de seus apartamentos e foram dormir na rua, como no dia seguinte também, até segunda-feira os carros ainda estavam la, para servir de abrigo caso houvesse uma replica forte.
Alias, apesar de tantas conversas previas com chilenos sobre o que fazer em caso de terremoto, vimos depois como éramos ignorantes e como isso poderia haver nos custado caro. Vimos que todas as pessoas desciam para a rua, e atribuímos a uma paranóia. Na nossa lógica, estamos mais protegidos em casa, considerando que não haja danos estruturais. Revisamos isso, não havia rachaduras na parede, só no gesso, não havia rachaduras na parede do corredor, só o gesso levantou. Filmamos a casa, e terminamos deitando para relaxar, conseguimos dormir. Bem, soubemos depois que, alem do medo obvio de uma nova replica seguida, que derrubasse uma estrutura já abalada, o problema também era uma fuga de gás que provocasse um incêndio. Sim, isso faz muito sentido. E nós nem fomos apagar o gás! Me deu um nervoso pós-risco, do que poderia haver passado.
Mas fora este risco, continuo pensando que depois do terremoto ficamos melhor em casa mesmo. Alguns chilenos também pensam assim. Na verdade, vamos percebendo que, apesar de ser um pais com grande índice de sismos, as pessoas não sabem bem o que fazer. Minto, é que não existem verdades absolutas quando lidamos com o que não se pode dominar. Há a lógica, o bom senso, mas não tem receita de bolo pra lidar com a forca da natureza.

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