domingo, 14 de março de 2010

Alguém se acostuma com isso?

Aprendemos o que significa, em linguagem sismológica, “réplica”. É algo que se repete, não tem mistério. Mas no caso de um terremoto, o que é a repetição da tentativa das placas tectônicas se acomodarem, é para nós um desconforto constante que não se repete: com uma replica te assustas, outra não sentes, outra de dá pânico. Pior é olhar a cara dos chilenos em um momento de replica mais forte. A maioria deles está visivelmente apavorada! Eu, que não estou tão assustada assim, fico pensando se não deveria ficar... Afinal, eles supostamente deveriam estar acostumados com abalos constantes da terra.
Essa historia de “acostumados” dá o que pensar. Porque os chilenos sempre nos perguntam, a nós brasileiros, como passamos pelo terremoto, “vocês que não estão acostumados”. Dada a cara de apavoramento deles nas replicas, cheguei à conclusão de que ninguém se acostuma com isso. E porque então essa mania de nos perguntar como nos foi, sempre com o complemento “vocês que não estão acostumados”? Pode ser uma forma de tentar convencer-se de que estão mais preparados para enfrentar o problema, em outros casos uma maneira de mostrar simpatia a pessoas que não pertencem a esta terra tremblante. Pode ser por muitos motivos, sei que conheço pelo menos duas brasileiras que se irritam profundamente com a pergunta. Mas se irritam muito mesmo... Entendo: na hora do sufoco, não tem essa de chileno, brasileiro, homem, mulher, bandido e mocinho; todo o mundo animal se apavora.

Um comentário:

  1. Gostei desse viés. Acho que a pergunta é apenas uma forma de te forçar a falar. A frase em si é a mais errada possível. Me parece quando o jornalista pergunta ao jogador de futebol após a conquista de uma taça: "E aí, como está se sentindo ao ganhar essa partida?" No mínimo, feliz, imagino. Gi

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